sexta-feira, 6 de março de 2015

NIETZSCHE SOBRE O AMOR

“Mas é o amor sexual que se revela mais claramente como propriedade: o amante quer a posse incondicional e única da pessoa desejada, quer poder incondicional tanto sobre sua alma como sobre seu corpo, quer ser amado unicamente”

“Bem que existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada sede conjunta de um ideal acima delas: mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade.”

“Um casamento no qual cada um quer alcançar um objetivo individual através do outro se conserva bem”

“Ao iniciar um casamento, o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até a velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte do tempo é dedicada à conversa.”

“para aqueles que sabem cogitar essas coisas: as mulheres têm a inteligência; os homens, o sentimento e paixão.”

“Após uma desavença e disputa pessoal entre uma mulher e um homem, uma parte sofre mais com a ideia de ter magoado a outra; enquanto esta sofre mais com a ideia de não ter magoado o outro o bastante”
“O amor e o ódio não são cegos, mas ofuscados pelo fogo que trazem consigo” 

“O que é o amor, senão compreender que um outro viva, aja e sinta de maneira diversa e oposta da nossa, e alegrar-se com isso? Para superar os contrastes mediante a alegria, o amor não pode suprimi-los ou negá-los. – Até o amor a si mesmo tem por pressuposto a irredutível dualidade (ou pluralidade) numa única pessoa.”

“As sensações sexuais têm em comum com aquelas compassivas e veneradoras, que nelas uma pessoa faz bem a outra mediante o seu prazer – tais arranjos benevolentes não se acham com frequência na natureza!”

“o amor tem um secreto impulso de enxergar no outro as coisas mais belas possíveis, ou de erguê-lo o mais alto possível: enganar-se nesse ponto seria, para ele, prazeroso e vantajoso – e assim ele faz.”

“Começa-se por desaprender de amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.”

“O amor quer poupar ao outro, ao qual se consagra, todo sentimento de ser outro, e, portanto, é todo dissimulação e aproximação, está sempre enganando e fingindo uma igualdade que não existe na verdade.”

“foi exatamente assim que aprendemos a amar todas as coisas que agora amamos. Afinal sempre sosmos recompensados pela nossa boa vontade, nossa paciência, equidade, ternura para com o que é estranho, na medida em que a estranheza tira lentamente o véu e se apresenta como uma nova e indizível beleza: - é a sua gratidão por nossa hospitalidade. Também quem ama a si mesmo aprendeu-o por esse caminho: não há outro. Também o amor há que ser aprendido.”

“A vontade de superar um afeto é, em última instância, tão somente a vontade de um outro ou vários outros afetos.”

“O amor põe em evidência as qualidades elevadas e ocultas daquele que ama – o que nele é raro, excepcional: assim fazendo, engana acerca daquilo que nele é a norma.”

“O amor é o estado em que as pessoas mais vêem as coisas como não são. A força da ilusão está no apogeu, assim como a força que adoça, que transfigura. No amor suporta-se mais, tolera-se tudo.”

“É preciso estar firmemente assentado em si, é preciso sustentar-se bravamente sobre as duas pernas, caso contrário não se pode absolutamente amar.”

(Tradução de Paulo César de Souza)