NIETZSCHE SOBRE O AMOR
“Mas é o amor sexual que se
revela mais claramente como propriedade: o amante quer a posse incondicional e
única da pessoa desejada, quer poder incondicional tanto sobre sua alma como
sobre seu corpo, quer ser amado unicamente”
“Bem que existe no mundo, aqui
e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas
pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada
sede conjunta de um ideal acima
delas: mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade.”
“Um casamento no qual cada um
quer alcançar um objetivo individual através do outro se conserva bem”
“Ao iniciar um casamento, o
homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de
conversar com esta mulher até a velhice? Tudo o mais no casamento é
transitório, mas a maior parte do tempo é dedicada à conversa.”
“para aqueles que sabem
cogitar essas coisas: as mulheres têm a inteligência; os homens, o sentimento e
paixão.”
“Após uma desavença e disputa
pessoal entre uma mulher e um homem, uma parte sofre mais com a ideia de ter
magoado a outra; enquanto esta sofre mais com a ideia de não ter magoado o
outro o bastante”
“O amor e o ódio não são
cegos, mas ofuscados pelo fogo que trazem consigo”
“O que é o amor, senão
compreender que um outro viva, aja e sinta de maneira diversa e oposta da
nossa, e alegrar-se com isso? Para superar os contrastes mediante a alegria, o
amor não pode suprimi-los ou negá-los. – Até o amor a si mesmo tem por
pressuposto a irredutível dualidade (ou pluralidade) numa única pessoa.”
“As sensações sexuais têm em
comum com aquelas compassivas e veneradoras, que nelas uma pessoa faz bem a
outra mediante o seu prazer – tais arranjos benevolentes não se acham com
frequência na natureza!”
“o amor tem um secreto impulso
de enxergar no outro as coisas mais belas possíveis, ou de erguê-lo o mais alto
possível: enganar-se nesse ponto seria, para ele, prazeroso e vantajoso – e assim
ele faz.”
“Começa-se por desaprender de
amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.”
“O amor quer poupar ao outro, ao
qual se consagra, todo sentimento de ser outro, e, portanto, é todo
dissimulação e aproximação, está sempre enganando e fingindo uma igualdade que
não existe na verdade.”
“foi exatamente assim que
aprendemos a amar todas as coisas que agora amamos. Afinal sempre sosmos
recompensados pela nossa boa vontade, nossa paciência, equidade, ternura para
com o que é estranho, na medida em que a estranheza tira lentamente o véu e se
apresenta como uma nova e indizível beleza: - é a sua gratidão por nossa
hospitalidade. Também quem ama a si mesmo aprendeu-o por esse caminho: não há
outro. Também o amor há que ser aprendido.”
“A vontade de superar um afeto
é, em última instância, tão somente a vontade de um outro ou vários outros
afetos.”
“O amor põe em evidência as
qualidades elevadas e ocultas daquele que ama – o que nele é raro, excepcional:
assim fazendo, engana acerca daquilo que nele é a norma.”
“O amor é o estado em que as
pessoas mais vêem as coisas como não são. A força da ilusão está no apogeu,
assim como a força que adoça, que transfigura. No amor suporta-se mais,
tolera-se tudo.”
“É preciso estar firmemente
assentado em si, é preciso sustentar-se bravamente sobre as duas pernas, caso
contrário não se pode absolutamente amar.”
(Tradução de Paulo César de
Souza)
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